segunda-feira, 1 de setembro de 2008

A monotonia da desgraça

A ambulância pára a vida com a sirene
presidiário mata o carcereiro desconhecido
Assaltante antes do disparo treme
Seu vizinho te ofende por ter bebido
O cachorro agoniza num belo jardim
indigente vive na sala das marquises
A fome ronca na prostituta
crianças na favela são juízes
Crentes distribuindo senhas pro céu
índios virando camelôs de sua arte
O açucar do soro queimando em mel
Padre aidético cobrindo a parte
O barro do favelado no tapete da loja
O asfalto dos carros sujo de sangue
O olhar da elite que enoja
E jovens sem pais formam gangues.
Não deixe o silêncio dentro do real;
A fantasia do bem é a carne do mal.